O Ministro da Cultura anunciou que decidiu excluir o Museu da Terra de Miranda da estrutura administrativa do Estado Português.
Com esta decisão, o Estado afasta-se mais uma vez da Terra de Miranda, abandonando uma das escassas epresentações que ainda aqui possui. Ficaremos muito perto do abandono total e completo da Terra de Miranda pelo Estado. Esta é mais uma das muitas manifestações de desprezo e de abandono a que o Estado tem votado a Terra de Miranda nas últimas décadas. Pois bem, queremos dizer aos responsáveis por esta medida que ela é inaceitável e que o tempo do desprezo e do abandono tem de acabar. Queremos também dizer aos senhores representantes dos órgãos do Estado que o nível de abandono a que têm votado a Terra de Miranda chegou a um ponto de rotura iminente do contrato social que os cidadãos da Terra de Miranda têm para com o Estado.
Os cidadãos da Terra de Miranda são iguais aos outros e pagam impostos para que o Estado assuma as suas responsabilidades por inteiro. Quando se chega a este ponto de abandono é o Estado que está a romper o contrato social. Trata-se também de uma rotura constitucional, porque esta medida e toda a política de abandono viola frontalmente o princípio da coesão territorial, que é um dever do Estado e que está expressamente contido na Constituição da República Portuguesa.
O abandono pelo Estado do Museu da Terra de Miranda é mais uma manifestação do desprezo que o Estado tem para com a Língua e a Cultura da Terra de Miranda. E esse abandono é tão extensivo e recorrente que legitima a conclusão de que se trata, na verdade, de uma discriminação, que é completamente inaceitável num Estado de Direito Democrático.
A Língua e a Cultura da Terra de Miranda foram perseguidas pela ditadura, mas souberam resistir a ela.
Queremos dizer aos responsáveis por esta medida que tal como não aceitámos a perseguição da ditadura, muito menos aceitaremos a discriminação de que somos vítimas em democracia. Queremos também dizer-lhes que iremos até ao fim para lhes demonstrar porque a Língua e a Cultura da Terra de Miranda são um património de Portugal, da União Europeia e de toda a Humanidade, e que não aceitaremos, em caso algum, qualquer tentativa de diminuir essa sua importância. O Museu da Terra de Miranda nasceu da luta de um movimento cívico de cidadãos, a Associação para o Ressurgimento Mirandês, que se levantaram durante a ditadura, para defender a Língua e a Cultura da Terra de Miranda. Nós, que somos democratas e lutadores pela Democracia, não deixaremos que o Estado Democrático
destrua este pilar da nossa Cultura.
Apelamos a todos os autarcas da Terra de Miranda, aos deputados que elegemos, a todas as forças vivas e a todos os cidadãos da Terra de Miranda e de Portugal que se juntem para mostrar aos responsáveis por esta decisão quão errados estão e para mostrar ao Estado Português que não toleramos mais ser esquecidos e discriminados.
Terra de Miranda, 25 de junho de 2023